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sexta-feira, 24 de junho de 2011

De Anna Akhmátova

Há dentro de mim uma lembrança,
pedra branca no fundo de um poço,
já não posso, já não quero lutar:
ela é sofrimento, alegre alvoroço.

Acredito: quem olhe bem de perto
nos meus olhos a possa vislumbrar.
E cisme mais triste do que ouvindo
uma história de saudade e pesar.

Diz-se que os deuses mudavam os homens
em coisas, sem matar-lhes a consciência,
para que vivesse a maravilhosa
tristeza. E ficaste-me lembrança.

Anna Akhmátova, "Anna de todas as Rússias"

quarta-feira, 22 de junho de 2011

De "Bonnie and Clyde"

                    


                       BONNIE                   (finally, spitting
                   out smoke)
            Boy...boy...boy...

                         CLYDE                   (a little annoyed)
            Boy, what?

                         BONNIE            Your advertising is dandy.  Folks'd
            just never guess you don't have a
            thing to sell.
                   (a little afraid)
            You better take me home, now.

                         CLYDE                   (getting back into car)
            Wait!

                         BONNIE            Don't touch me!

She gets out of car, leaving CLYDE draped across the front
seat, reaching after her.

                         CLYDE                   (almost shouting)
            If all you want's stud service,
            then get on back to West Dallas and
            stay there the rest of your life!

This stops her.  Now CLYDE pours it on, with an almost
maniacal exuberance that becomes more controlled as he gets
control of BONNIE.

                         CLYDE            But you're worth more'n that, a lot
            more, and you know it, and that's
            why you come along with me.  You
            could find a lover boy on every
            corner in town and it doesn't make
            a damn to them whether you're
            waiting on tables or picking
            cotton, so long as you cooperate.
            But it does make a damn to me!

segunda-feira, 20 de junho de 2011

De aniversários

Robert Schumann nasceu a 8 de Junho de 1810, em Zwickau, Alemanha.

Deveria ter seguido Direito, mas rebelou-se contra a Ordem e decidiu ser pianista.
Como paga, pelo desaforo, o Destino roubou-lhe um dedo da mão direita; Schumann não desistiu. Continuou a buscar inspiração, e dedidou-se à composição. Casa com Clara Wieck, uma das pianistas mais célebres do seu tempo.

Morreu com 45 anos, mas deixou composições belíssima e jamais será esquecido!

sábado, 18 de junho de 2011

Hermes Trimegisto





















Porque tu és o que eu sou, tu és o que eu faço, tu és o que eu digo. Tu és todas as coisas e nada existe distinto de ti, tu és o que não é, tu és o que chegou a ser e o que não chegou a ser. Tu és o Pensamento que se tem, o pai que gera a obra, o Deus que actua e o bem que produz todas as coisas.


Corpus Hermeticum - Tratado V

quarta-feira, 15 de junho de 2011

De poesias

I

Desmultiplicada em fórmulas mil
contendo em mim várias vozes
ancestrais dos poetas todos num só.
Um coração com a minha voz
o meu coração em voz
em carne
em sangue.

Diferenciada em fórmas várias
apresento-me ao mundo
qual caleidoscópio dos sentidos.
E em cada ângulo
está a chave de um só
nome.
O meu.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

De errâncias

I

Existe uma reentrância arquitectónica que lhe serve de assento, sempre que por ali o seu corpo erra.
De todas as vezes que a encontrei, na mesma incerta rua de Lisboa, aquele é o seu lugar.
Costuma estar a acabar um cigarro de olhos postos nas nuvens (quando as há, no céu) alheada e  indiferente a quem com ela se cruza.

Nunca trocámos um só olhar (porque as nuvens ou os movimentos acrobáticos dos pássaros são bem mais interessantes do que as pessoas que por ali passam, e nisso louvo o seu olhar selectivo). Mas eu reparo, timidamente, que ela tem sempre um pedaço de pano triangular a segurar-lhe os rebeldes fios grisalhos do seu cabelo. Usa umas calças de ganga com uma dobra grande em cada perna, a fingir de bainha e um mesmo casaco que é como se fosse uma segunda pele sua.
O mais jovial da sua figura são os olhos... que sorriem, mesmo quando todos nós que passamos por ela temos, sem razão, olhares mais pesados do que o seu.

Os seus olhos sorriem, mesmo que a sua história caiba numa saco de plástico velho e enrugado;

Os seus olhos sorriem mesmo que a manhã seja mais fria e o maior agasalho que possui seja o seu casaco coçado;

Os seus olhos sorriem às pequenas coisas e ela é leve como o fumo do seu cigarro.




Nunca lhe perguntei o seu nome mas lá há de chegar o dia em que me encho de coragem e lhe vou agradecer pelo sorriso dos seus olhos, que me torna a mim mais leve.

terça-feira, 7 de junho de 2011

De Yourcenar

"Zenão, debalde lhe lembrava que os astros influem no destino de cada
um, mas não decidem, e que tão forte, tão misterioso como eles,
regulando a nossa vida, obedecendo a leis mais complicadas do que as
nossas, é essoutro astro vermelho que palpita no mais escuro do corpo,
suspenso da sua gaiola feita de ossos e carne".
"A obra ao negro", Marguerite Yourcenar


domingo, 5 de junho de 2011

De Kairós

Kairós (καιρός) é uma antiga palavra grega que significa "o momento certo" ou "oportuno". Os gregos antigos tinham duas palavras para o tempo: “Chronos” e “Kairos”.



Enquanto o primeiro se refere ao tempo cronológico, ou sequencial, Kairós é um momento indeterminado no tempo em que algo especial acontece.
Esta palavra é usada igualmente para descrever a forma qualitativa do tempo, o “tempo de Deus”, enquanto que “Chronos” é de natureza quantitativa, ou seja, o “tempo dos homens”.


Em resumo, pode dizer-se que o tempo humano (medido) é descrito em horas e suas divisões e anos em suas divisões.
Enquanto o termo “Kairós” descreve "o tempo de Deus" não pode ser medido e sim vivido...


quarta-feira, 1 de junho de 2011

De crianças

CRADLE MY HEART

Last night,
I was lying on the rooftop,
thinking of you.
I saw a special Star,
and summoned her to take you a message.
I prostrated myself to the Star
and asked her to take my prostration
to that Sun of Tabriz.
So that with his light, he can turn
my dark stones into gold.
I opened my chest and showed her my scars,
I told her to bring me news
of my bloodthirsty Lover.
As I waited,
I paced back and forth,
until the child of my heart became quiet.
The child slept, as if I were rocking his cradle.
Oh Beloved, give milk to the infant of the heart,
and don't hold us from our turning.
You have cared for hundreds,
don't let it stop with me now.
At the end, the town of unity is the place for the heart.
Why do you keep this bewildered heart
in the town of dissolution?
I have gone speechless, but to rid myself
of this dry mood,
oh Saaqhi, pass the narcissus of the wine.

Rumi

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